domingo, 16 de setembro de 2007

Bom tempo?

Está mais que visto que na época em que o calor abunda e a chuva quase não existe, mais traceurs saem à rua, praticam parkour durante uns meses, e depois retraem- se na época de chuva.

Não percebo o porquê de não se treinar à chuva. Será porque é mais dificil, incomodativo e perigoso?

Na realidade é bastante diferente um treino à chuva, mas não é menos produtivo. Os treinos em pavimento molhado são menos práticos, mas também são extremamente técnicos e úteis, visto que aumentam significativamente o sentido de responsabilidade.

Um traceur tem de estar preparado para qualquer situação, e a chuva é apenas mais uma.


Playground


Onde podemos praticar parkour?

Eu sempre pratiquei, e pensei que parkour era e é praticável em qualquer lado e situação.

Ontem estava a treinar e fui abordado por dois jovens que andavam à procura dos “spots que vemos nos videos de telheiras”. Achei normal, no entanto também reparei que os traceurs, especialmente os mais novos, tendem em limitar a prática desta modalidade aos sitios conhecidos. É frequente encontrar traceurs à procura da parede -y ou do muro –x, mesmo que se encontrem num local que por vezes é ainda mais propício à prática do que os locais que procuram. O grande erro não é a falta de visão, que por sua vez é fruto da falta de experiência; é de facto tentarem imitar algo feito e não inovar.É óbvio que é importante (até por uma questão pessoal) imitarmos algo já feito em determinado local, no entanto se não encontrarmos essa mesmo local, nada nos impede de praticar noutro sitio.

Parkour é o movimento, a expressão, a liberdade. É a capacidade de cada um em cada local. Se estás em campo aberto, corres; se tens obstáculos, saltas; e se tens água, nadas. O mundo é o nosso playground.

Focus


Todos temos dificuldades.

O primeiro passo é saber quais são, o motivo e como as ultrapassaremos. Muitos pensam que basta saltar para ultrapassar uma dificuldade.Pois bem, isso é apenas deixá- la para trás. Temos de nos concentrar, fazer devagar, observar o nosso corpo, a nossa expressão, bem como os pontos do corpo mais afectados, de modo a anular futuras lesões.Só assim poderemos ultrapassar quaisquer obstáculos definitivamente.

Vejo, com muita pena minha, muitos “ traceurs” com uma extrema falta de cuidado, de concentração, e pior ainda, falta de respeito pelo seu próprio corpo. Vejo- os a tentar movimentos a distâncias gigantes, mesmo quando não os dominam a curtas distâncias.

Nestas situações, muita gente pede ajuda, não para os ensinarem, mas para servirem de “rede de segurança”, ao que eu digo: “Está mal!” Então e porquê? Está mal porque quando esforcamos o nosso corpo desta maneira não estamos a ultrapassar obstáculos nem medos, mas sim apenas a estargar o corpo, pondo em risco não só a nossa integridade física, mas também a dos que nos estão a ajudar. Nestas situações aconselho vivamente ao treino em situações parecidas, mas mais acessiveis ao corpo de cada “traceur”. Só assim poderão usufruir de um melhoramento técnico progressivo e consistente.

Quando me encontro com novos traceurs e traceurs mais experientes, observo frequentemente uma péssima atitude por parte dos mais novatos. Encaram cada obstáculo já transposto pelos mais experientes com atitudes do género : “ Se ele conseguiu eu também consigo!”, em vez de os encararem de uma maneira mais responsável, e pensarem que se treinarem, poderão ultrapassar os obstáculos tão bem ou ainda melhor que os mais experientes.

Aqui fica um conselho e um incentivo ao treino e à evolução consistente de todos os traceurs. Novatos ou não.